Pousada Literária é um escape necessário em Paraty
Por Vinícius Belo
Paraty é um dos lugares que gosto de estar no mínimo umas 4 vezes ao ano. Infelizmente o 2020 foi diferente para todos, a pandemia do coronavírus iniciada com força no mês março fez com que o mundo inteiro parasse. Em Paraty, um dos destinos do interior do estado do Rio que mais recebe visitantes nacionais e estrangeiros não foi diferente. A cidade foi praticamente lacrada a partir do dia 20 de março para todos os tipos de visitantes. Somente em agosto, ou seja, depois de cinco meses sem poder receber ninguém, o turismo foi gradativamente retomado por lá. Finalmente Paraty não ficou de fora do meu ano de 2020 e lá fui eu conhecer a histórica e sofisticada Pousada Literária a convite do grupo Milessis Turismo.
O local foi adquirido pelo empresário José Roberto Marinho em março de 2011 por um lance de 2 milhões de reais. A propriedade era da consagrada atriz Maria Della Costa, um ícone que nos deixou em janeiro de 2015. O antigo Hotel Coxixo, foi – e continua! – um dos mais tradicionais da cidade.
Depois de longa reforma e um novo visual visual assinado pelo renomado escritório paulistano Jacobsen Arquitetura, a então Pousada Literária foi inaugurada em 2015. Tempos depois tornou-se pousada oficial da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), considerada um dos principais festivais literários do Brasil e da América do Sul. Entre suítes sofisticadas e casas com dependências completas, com total privacidade, a Pousada Literária traz luxo e sofisticação em suas instalações, no atendimento e também em sua gastronomia. Passar um fim de semana hospedado na Pousada Literária é uma renovação para a alma, corpo e espírito. Possivelmente sua reforma pode ter custado muito mais que o valor de sua venda. A novo layout veio acompanhado de modernização e renovação das instalação e dos serviços. À frente do negócio o casal Jane Assis e Roberto Pinheiro.
No check-in você é logo convidado a saborear os sucos que são feitos na hora com frutas da pousada ou então uma cerveja artesanal produzida ali mesmo em Paraty. Logo na entrada podemos ver que o hotel está bastante atento aos protocolos de higiene e saúde do Covid-19. Organização perfeita. Os funcionários simpáticos e o tempo inteiro muito atentos aos nossos olhares.
Um dos pontos mais positivos pra mim foi o café da manhã. Ele é servido exatamente na hora que você quer. Isso mesmo! Acordou às 6h da manhã, 10h, 11h, meio dia, não importa… A hora que você acordar ele será servido, basta passar os seus horários para a recepção. Confesso que nunca gostei de acordar correndo para não perder o café da manhã de hotel. Confesso também que já perdi cafés incríveis por não ter acordado no horário, fazer o que? Em suma, na Pousada Literária você não tem esse tipo de corre corre. Outro ponto que me cativou foram os itens do café. Já disse aqui e pretendo falar em todas as minhas experiências que o café da manhã ideal pra mim é aquele onde você pede o que quer e tudo é feito na hora. Lá, na Pousada Literária, é nessa dinâmica. Fora que boa parte dos insumos como a manteiga, o queijo, sucos, frutas, é produzido por eles. Pensem numa qualidade? De todos os itens muito bem sugeridos pelo garçom, me impressionou bastante o waffle de pão de queijo e também o açaí servido por eles. O açaí é do fruto da palmeira juçara, uma planta que entrou em extinção por causa da produção de palmito, mas a exploração do coquinho (o açaí), está garantindo a sobrevivência da espécie em Ubatuba, SP.
Com um terreno privilegiado numa das áreas mais nobres de Paraty, com 4.346,06 m² sendo 2.100,00 m² de área construída, a Pousada Literária tem também como diferencial duas gigantescas vilas, proporcionando ao hóspede a sensação de estar em uma casa super moderna, instalada no centro histórico que foi reconhecido pela UNESCO como “o conjunto arquitetônico colonial mais harmonioso” e Patrimônio Nacional tombado pelo IPHAN. O reconhecimento pelo comitê da Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (Unesco) aconteceu no ano passado. Tive a sorte de me hospedar em uma dessas vilas, batizada de “Vila Trindade“, garanto que é uma experiência única. Medindo cerca de 80m², a Vila Trindade é ideal para um casal ou pequena família. Com aproximadamente 80 m², possui conexão direta com a “Vila Paraty Mirim“, outra vila da pousada. O sobrado conta com hall de entrada, sala de estar e cozinha no piso inferior. A suíte fica no piso superior.
As suítes e villas da Pousada Literária possuem amenities da Natura e doces da região. Em ambos os quartos decorações com elementos explorados na região. A diária mais barata sai em média por 1.170 reais (apartamento). Já uma reserva para a “Suíte Paraty“, uma das maiores, sai em média por 2.980 reais. Os valores são acrescidos de uma taxa de serviços no valor de 10%.
No coração do centro Paraty, a pousada reúne a cultura colonial da cidade com as experiências de sustentabilidade da Fazenda Bananal, a 10 minutos da pousada. Um ambiente relaxante de luxo cercado pela exuberância da Mata Atlântica. A Fazenda original do século XVI, foi cuidadosamente restaurada e recuperada. Hoje, ela é um projeto sustentável de educação com trilhas com total acessibilidade para pessoas com necessidades especiais, passarinhadas e um restaurante “Farm-to-Table”. Hóspedes da Pousada Literária são convidados para tomar café da manhã na fazenda e experimentar um tour pelo local, outra experiência e tanto! Tudo isso sem custos adicionais e em horários especiais. A propriedade de 180 hectares (maior que o Ibirapuera, em São Paulo, que tem 158 hectares) está localizada entre o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Estação Ecológica de Tamoios e a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu.
Encerro com o restaurante da pousada, batizado de Quintal das Letras ele é um restaurante de gastronomia contemporânea que valoriza a culinária caiçara, típica da região, com peixes, frutos do mar e um bom gosto inenarrável. Os pratos, além de um ótimo custo benefício, são extremamente saborosos e com ótima apresentação. Fiquei surpreso com a quantidade de pessoas (não hóspedes) que iam na recepção e perguntavam se poderiam fazer uma reserva para o restaurante. Devido à pandemia, para garantir a segurança e o conforte dos hóspedes, até segunda ordem a Pousada Literária está recebendo somente hóspedes no Quintas das Letras. Vi nitidamente olhares de tristeza daqueles que gostariam de saborear a tão falada comida do local. Mais uma vez, tive a sorte de estar hospedado com eles, e experimentei alguns dos pratos mais deliciosos da minha vida.
No check-out fui surpreendido com uma sacola de verduras – as mais belas que você puder imaginar – que foram cohlidas na Fazenda Bananal. Fiquei sabendo que o hotel faz isso como uma forma carinho com seus hóspedes. Não são fofos?