O novo hóspede do segmento de luxo: CEO da BLTA reflete sobre transformações no turismo exclusivo

Com uma trajetória que une a precisão do Direito à sensibilidade da hospitalidade, Camilla Barretto é hoje uma das principais vozes do turismo de luxo no Brasil. Atual CEO da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), Camilla começou sua carreira em escritórios de advocacia, mas foi na hotelaria que encontrou sua verdadeira vocação. Desde o início, sua paixão por viagens, seu olhar apurado para detalhes e sua fluência em diversos idiomas a direcionaram para experiências de alto padrão – primeiro em um resort de esqui nos Estados Unidos, depois em redes renomadas no Brasil e, mais tarde, como empreendedora e consultora especializada em experiências de excelência.

Seu currículo inclui passagens por hotéis como o Intercontinental e o Emiliano, além de uma experiência marcante no varejo de luxo com a rede St Marche e na operação de estreia da Sephora no Brasil. Com uma visão estratégica e foco absoluto em oferecer o melhor da hospitalidade, Camilla também fundou uma consultoria voltada para o desenvolvimento da experiência do cliente em múltiplos segmentos. Hoje, à frente da BLTA, ela trabalha com a missão clara de posicionar o Brasil como referência mundial em turismo de luxo sustentável, autêntico e transformador.

“Nosso país tem recursos incríveis e produtos maravilhosos, mas que ainda são muito desconhecidos, principalmente no turismo internacional. Hoje o Brasil já possui hotéis que nos permitem nos colocar em pé de igualdade com os melhores hotéis do mundo. Além disso, brasileiro é muito bom no serviço. Temos brilho no olhar, sorriso, empatia. Esses soft skills que fazem a diferença aqui existem naturalmente. Por meio da autenticidade, da diversidade e da sustentabilidade os hotéis da BLTA querem ampliar a visibilidade dessa experiência de luxo no Brasil”, diz Barretto.

A seguir, ela compartilha em artigo exclusivo sua visão sobre as novas exigências do hóspede de luxo e como o mercado está se adaptando a esse novo perfil de viajante, que busca muito mais do que conforto e sofisticação: quer experiências significativas, conexões reais e impacto positivo.

Camilla Barretto, CEO da BLTA | Foto: Georgia Ayrosa
Camilla Barretto, CEO da BLTA | Foto: Georgia Ayrosa

Artigo por Camilla Barretto

CEO da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA)

Não é de hoje que se fala que o luxo está mudando de forma e sendo redescoberto. Na hotelaria, o que antes era medido por tamanho, número de estrelas ou quantidade de mimos, hoje ganha contornos mais subjetivos, sensoriais e conscientes. O luxo está totalmente ligado a conexões emocionais que se constroem a partir de vivências únicas, experiências autênticas e impacto positivo.

Com esta transformação surge, também, um novo perfil de viajante, que não está mais interessado em ostentação, mas sim em exclusividade com propósito. Este viajante quer se sentir parte da história do lugar, interagir com a comunidade local e se emocionar com o que é real. Para ele, uma experiência gastronômica com ingredientes colhidos localmente e transformados em pratos cujas técnicas culinárias foram transmitidas de geração em geração tem mais valor do que um jantar sofisticado sem identidade cultural. Este viajante prefere dormir sob o céu estrelado em uma reserva ecológica, com todo o conforto possível (obviamente), do que uma suíte presidencial sem alma e contemplar uma paisagem natural preservada do que conseguir uma espreguiçadeira em um beach club disputadíssimo. 

A autenticidade é um pilar fundamental. O viajante frequentador dos hotéis de luxo busca experiências ultra personalizadas e imersivas, como aulas de culinária com chefs locais que aprenderam a cozinhar com seus familiares ou passeios com guias nativos que souberam transformar suas brincadeiras de infância em experiências para afastar crianças que vivem plugadas em telas do mundo digital. A cultura transmitida pela população local, seja de uma localidade remota ou de um grande centro urbano, se torna um atrativo maior do que os superlativos tecnológicos construídos pelo homem. O viajante quer experimentar o que é único e se afasta de qualquer tipo de padronização, pois, mais do que status, busca histórias das quais ele irá se lembrar. 

Este comportamento traz também a sustentabilidade como um valor inegociável. São ações que não apenas minimizam impactos, mas contribuem ativamente para o meio ambiente e as comunidades visitadas. Mais do que preservação e conservação, estamos falando de regeneração. É cada vez mais comum a busca por empreendimentos com práticas responsáveis, transparência nas ações e compromisso social. Ao tomar conhecimento de projetos, hóspedes se conectam afetivamente com as histórias e manifestam o desejo de contribuir para a perpetuidade das iniciativas de impacto positivo.

Como profissional atuante no segmento de luxo há mais de 25 anos, enxergo como grande responsabilidade dos hoteleiros e dos agentes que desenham jornadas para seus clientes reimaginar o que significa prestar um serviço de excelência hoje em dia. As opções devem ser mais humanas, mais sensíveis e mais conectadas com o entorno. Para conquistar o viajante, o verdadeiro luxo do presente deve proporcionar experiências transformadoras que tocam a alma e respeitam o planeta.

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