Sócios do Rosewood São Paulo enfrentam impasse judicial e financeiro
Um dos hotéis mais luxuosos do Brasil, o Rosewood São Paulo, está no centro de uma disputa entre seus principais sócios. O empreendimento, que integra o complexo Cidade Matarazzo, vive uma fase de instabilidade, tanto na estrutura societária quanto no relacionamento entre os investidores.
De um lado está o empresário francês Alexandre Allard, idealizador do projeto. Do outro, a holding internacional Chow Tai Fook Enterprises Limited (CTF), com sede em Hong Kong, maior acionista e controladora da marca Rosewood Hotels & Resorts.
Segundo informações publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, Allard vem perdendo participação acionária no negócio. Ele teria deixado de cumprir parte de um acordo financeiro que previa o aporte de R$ 160 milhões em debêntures. Até agora, teria deixado de investir R$ 60 milhões, o que já reduziu sua fatia de 40% para 35%. Caso os R$ 100 milhões restantes não sejam pagos até agosto, a participação dele pode cair para apenas 15%.

Além das questões financeiras, o conflito chegou à Justiça. Allard acusa os sócios de usarem, sem autorização, elementos artísticos e arquitetônicos que ele teria criado antes da entrada da CTF no projeto. A Justiça de São Paulo autorizou uma perícia no prédio para apurar as alegações. A defesa de Allard também afirma que houve acesso indevido a dados confidenciais de sua advogada, por meio de um computador e pendrive, relacionados às negociações societárias.
O hotel foi inaugurado em 2022, após mais de uma década de planejamento e obras. O projeto de revitalização do antigo Hospital Matarazzo, na região central de São Paulo, foi conduzido por Allard, que em 2010 comprou o imóvel e o transformou em um polo de luxo e cultura. Em 2013, a CTF entrou no negócio como sócia, trazendo os recursos necessários para viabilizar a conclusão da obra.

A holding asiática é a maior investidora no fundo responsável pelo empreendimento e, por isso, tem poder para tomar decisões importantes sobre o futuro do hotel.
Até o momento, os representantes da BM Empreendimentos (empresa que gere o hotel) e da CTF não comentaram publicamente as acusações. O processo corre parcialmente sob segredo de Justiça.